O licor de Ginja na história
A ginja, fruto agridoce da família das cerejas, tem a sua origem na Ásia Menor, no litoral do Mar Cáspio. O famoso gastrónomo romano Lúculo (110-74 AC), conhecendo as inúmeras propriedades medicinais (digestivas e diuréticas) deste fruto, levou a planta para Roma, tendo-se propagado pela Europa.
Na Etnografia Portuguesa, José Leite Vasconcelos, refere que Plínio o velho (séc. I DC), famoso escritor romano, louva as ginjas da Lusitânia. Graças ao seu particular microclima, em Alcobaça, são produzidas as melhores ginjas silvestres da Europa. Com a técnica de destilação do álcool, herdada da civilização árabe e com o açúcar (especiaria dos descobrimentos portugueses), Portugal possui, então, os três principais ingredientes necessários para produzir o mais famoso licor português. Licor de Ginja de Alcobaça - Estremadura A origem do licor, é conventual. Foram os Frades Beneditinos que inventaram a preciosa receita para “deleite do seu espírito” tendo divulgado o seu segredo que se tem mantido de geração em geração. Em Alcobaça, a cultura de ginjeiras espalhava-se pelos terrenos da ordem de Cister. A comunidade judaica divulgou-o comercialmente e, desta forma surge gradualmente nos botequins e tabernas típicas, frequentadas pela burguesia, dando-lhe um cariz marcadamente nacional, especialmente da histórica e famosa boemia lisboeta. São inúmeros os escritores e artistas que referenciam a tão única “ginjinha”. Destacamos a maior e saudosa fadista portuguesa, AMÁLIA RODRIGUES, que cantou e louvou a “ginjinha” num dos seus imortais fados.